11 dezembro 2009

8º Festival Varilux de Cinema Francês - Parte 2

A seleção do Festival foi muito boa, com destaque para "Entre os Muros da Escola" e "A Riviera Não é Aqui". E resolvi não escrever comentários sobre "Mais Tarde, Você Vai Entender...", o último filme exibido, porque, não sei a razão, eu estava muito distraída durante a projeção e ao final percebi que não tinha prestado atenção; ou seja, não tenho condições de falar nada sobre ele.

ENTRE OS MUROS DA ESCOLA


François Bégaudeau é o autor do livro Entre os Muros da Escola, que inspirou o longa homônimo no qual ele interpreta – muito bem, por sinal, sobretudo se considerarmos que foi seu primeiro trabalho como ator – o professor de francês François Marin, que enfrenta todos os dias o desafio de ensinar, estimular e controlar os alunos adolescentes de uma escola em um bairro periférico de Paris. O filme não aborda, porém, somente a temática pedagógica. Fazendo uso de longos diálogos, principalmente em sala de aula, ele entra em questões sobre racismo, diferenças culturais e conflitos diversos, e mostra a importância do professor, que precisa saber lidar com tudo isso, orientando os alunos e cumprindo o papel de educador não só no ambiente escolar, mas também na vida; e é interessante destacar a calma e o autocontrole necessários para exercer essa função, o que enaltece ainda mais os profissionais da área, visto que a petulância dos adolescentes irrita até o público – e a explosão de um professor em certo momento comprova isso. Com a “câmera na mão” e a ausência de trilha sonora – a única canção ouvida faz parte do universo diegético do filme –, Entre os Muros da Escola se desenrola de forma absolutamente realista, mergulhando o espectador naquele mundo que é válido não só por expor os desafios educacionais, mas também por representar um paralelo com a sociedade, que enfrenta todos os problemas apresentados ali em uma proporção muito maior. Obra admirável.

Entre os Muros da Escola
Entre les Murs, Laurent Cantet, 2007.

UMA GAROTA DIVIDIDA EM DOIS


Uma Garota Dividida em Dois conta a história de Gabrielle, a “garota do tempo” de um canal local que fica dividida entre seu amor por Charles, um escritor sedutor, bem mais velho que ela e casado, e a devoção desequilibrada de Paul, um herdeiro mimado e voluntarioso que, aparentemente, só vê na moça o desafio da conquista. O filme, infelizmente, é conduzido de forma frouxa, com personagens vulneráveis, o que é muito conveniente para que o roteiro os manipule livremente sem que o espectador cobre coerência, e conta com algumas cenas e situações sem cabimento algum, principalmente as que envolvem a histeria de Paul e a passividade de Gabrielle, que, por sinal, é hereditária. Charles é o único que demonstra coerência em suas atitudes e desperta algum tipo de interesse por parte do espectador, o que, no entanto, é muito pouco para segurar o longa. E não havia necessidade alguma de tornar literal o título do filme, em uma cena que alguns podem chamar de poética, mas que eu achei apenas bizarra. Uma Garota Dividida em Dois é, portanto, fraco.

Uma Garota Dividida em Dois
La Fille Coupée en Deux, Claude Chabrol, 2007.

CRIMES DE AUTOR


Enquanto uma famosa escritora procura um tema para seu novo livro, acompanhamos as diferentes histórias dos personagens que, no fim, se unirão para constituir o próprio livro. Crimes de Autor intriga por manter sempre uma interrogação na cabeça do espectador, que nunca sabe ao certo quais são as reais intenções das pessoas que povoam o filme nem até que ponto deve confiar no que elas falam. Além disso, as atitudes meio loucas de certa personagem proporcionam cenas bem engraçadas; e o roteiro é bem amarrado, embora a surpresas e reviravoltas não surtam o efeito esperado, já que o interesse despertado por elas, na verdade, não é tão grande assim. Crimes de Autor é um bom filme, divertido, mas apenas correto.

Crimes de Autor
Roman de Gare, Claude Lelouch, 2007.

1 comentário

Bruno Soares disse...

queria um festival desses aqui em maceió. rsrs

eu vi ENTRE OS MUROS DA ESCOLA e GAROTA DIVIDIDA e gostei bastante.

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