22 fevereiro 2010

Idas e Vindas do Amor


Falta de foco é um problema que pode arruinar um filme, e excesso de personagens certamente é a causa mais freqüente disso. Não é preciso ir longe para buscar exemplos: Homem-Aranha 3, um tipo de filme completamente diferente do tratado neste texto, mas que se encaixa com perfeição no que quero dizer, dividiu a atenção entre três vilões e um herói com dupla personalidade, resultando em um completo desastre simplesmente porque não deu a devida atenção a nenhum deles. Claro que há exceções. O excelente Simplesmente Amor está aí para provar isso, mas Richard Curtis sem dúvida é um roteirista muito mais talentoso do que Katherine Fugate, cujo trabalho conheci apenas neste péssimo Idas e Vindas do Amor, um filme que sofre exatamente com o problema que expus no início do parágrafo.

Uma série de personagens, interpretados por estrelas de Hollywood como Ashton Kutcher, Julia Roberts, Jessica Alba, Anne Hathaway Jennifer Garner, Jessica Biel, Jamie Foxx, entre outros, e alguns astros da TV, como Patrick Dempsey e Eric Dane (ambos de Grey’s Anatomy), que estão de alguma forma relacionados, precisam superar alguns problemas que aparecem no Dia dos Namorados. Uma faz de tudo para esconder do parceiro que é atendente de tele-sexo, outro precisa se dividir entre a amante e a esposa, um casal que acabou de se conhecer interage durante uma viagem de avião (uma das partes mais simpáticas, mas pouquíssimo aproveitada), um garotinho apaixonado quer se declarar à amada, dois casais de adolescentes... completamente irrelevantes... A população do filme é tão grande que às vezes nos esquecemos da existência de certos personagens, tamanho é o tempo levado para que eles apareçam novamente na tela.

Naturalmente, as histórias dessas pessoas jamais chegam a envolver o espectador, e a falta de carisma dos atores e o humor pobre, bobo e sem graça apenas contribuem para o resultado final do filme ser trágico, no pior sentido da palavra. A única cena que consegue arrancar gargalhadas envolve Queen Latifah (que, sim, também faz parte do elenco) e dura no máximo dez segundos. Portanto, Idas e Vindas do Amor é apenas mais uma prova de que, definitivamente, não é um punhado de estrelas que faz um bom filme, nem quando ele tem a pretensão de ser apenas bonitinho e engraçadinho.

Idas e Vindas do Amor
Valentine's Day, Garry Marshall, 2010.

1 comentário

Robson Saldanha disse...

Comentário curto e grosso e que faz todo sentindo. Filme sem graça, com um péssimo roteiro e uma direção muito fraca. Como falou, nem o grande elenco ajuda na construção de algo interessante como é Simplesmente Amor.

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